Gino Severini, Trem da Cruz Vermelha atravessando um vilarejo, verão de 1915. (Extraída de http://migre.me/mXgRT) |
No dia 1º de agosto de 2014 eu apresentei no XVI Encontro Regional de História, promovido pela Seção Regional do Rio de Janeiro da Associação Brasileira de História (ANPUH-Rio), meu último trabalho resultante do período que passei trabalhando com o Acervo Castro Faria como bolsista no Museu de Astronomia e Ciências Afins. Tive a felicidade de redigir esta comunicação em conjunto com a colega Lucimeire de Silva Oliveira, que permaneceu trabalhando na mesma casa com aquela rica coleção de documentos. Apesar da grande brevidade exigida pelas normas do evento e pela curta duração programada para a apresentação, considerei bastante interessante o resultado, escrito e falado, deste empreendimento comum.
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Título: A viagem de Luiz de Castro Faria ao Vale do Paraíba Fluminense (1939): uma pequena pesquisa etnográfica no Brasil no fim da década de 1930
Resumo: A presente comunicação busca analisar uma das facetas da carreira de um dos fundadores da antropologia no Brasil: Luiz de Castro Faria. Formado na tradição da antropologia produzida no Museu Nacional, Castro Faria fez pesquisa nos campos, então intimamente ligados, da arqueologia, da antropologia biológica e da etnografia. Este antropólogo fez durante toda sua carreira pesquisas de campo, viajando por quase todo país, analisando principalmente sua cultura social e econômica, observando as diferentes geografias. Na semana de 28 de novembro a 3 de dezembro de 1939, Luiz de Castro Faria fez uma viagem por algumas cidades do Vale do Paraíba Fluminense, fazendo observações preliminares e recolhendo material para um possível projeto de pesquisa. Na ocasião, Castro Faria trabalhava como praticante gratuito da Seção de Antropologia e Etnografia do Museu Nacional, onde havia sido admitido em 1936, local em que trabalhou inicialmente sob a orientação de Heloísa Alberto Torres. De meados de abril ao fim de dezembro de 1938, ele participou como representante do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil da Expedição à Serra do Norte, liderada por Claude Lévi-Strauss. Tratou-se, literalmente, de um batismo em sua trajetória científica; inclusive porque a partir da participação nesta última grande viagem etnográfica do século XX, Castro Faria – que só se tornaria naturalista interino do Museu Nacional em 1942 – pôde realizar suas próprias pesquisas de campo. As duas dezenas e meia de páginas que compõem o diário da citada viagem de Castro Faria pelo Vale do Paraíba Fluminense em 1939 são um bom registro acerca das questões em pauta e das condições da produção etnográfica de um jovem pesquisador ligado à Seção de Antropologia e Etnografia do Museu Nacional em fins da década de 1930. Apesar do projeto de pesquisa, então esboçado, não ter resultado em uma monografia, ele se coloca como uma série desigual de observações que permite o nosso acesso ao diálogo íntimo então travado pelo etnógrafo no contato da realidade observada, anotada e fotografada no Vale do Paraíba com suas questões e inquietações anteriores à partida para campo. O presente trabalho propõe, portanto, uma leitura deste caderno de viagem como fonte documental para a história da antropologia no Brasil. Como metodologia de campo, Castro Faria fez uso da chamada antropologia ecológica, mostrando assim a importância do estudo “das relações das diversas comunidades entre si e com o meio onde viviam.” Dessa maneira, a presente comunicação busca fazer uma análise dos diários de viagem de Castro Faria, detendo-se neste olhar, no qual se evidencia o interesse deste autor pelo estudo das relações entre os agrupamentos humanos e o meio naturais nos quais estão inseridos.
Formato: online (disponível em http://migre.me/mXhx0)
Investimento: acesso aberto
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