sábado, 23 de dezembro de 2017

Resenha publicada na Revista Brasileira de História das Religiões: Oração e experiência cristã no Mediterrâneo Oriental da Antiguidade Tardia e do Medievo. Resenha de: Bitton-Ashkelony, Brouria & Krueger, Derek (orgs.). Prayer and worship in eastern christianities... (2017)


Foi publicada uma resenha de minha autoria na edição de janeiro a abril de 2018 (v. 10, n. 30) da Revista Brasileira de História das Religiões (RBHR), periódico quadrimestral da Universidade Estadual de Maringá (UEM), vinculado ao Grupo de Trabalho em História das Religiões e Religiosidades da Associação Nacional de Professores e Universitários de História (GT-HRR/ANPUH). Trata-se meu texto de uma leitura sintética da coletânea organizada por Brouria Bitton-Ashkeony e Derek Krueger a respeito das teorias, expressões e contextos da oração individual e coletiva nos cristianismos orientais dos séculos V a XI. O estudo sistemático da prece e da liturgia, assim como dos gestos, textos, ideias, ideias, sons, sentimentos e espaços que lhe foram associados, é no Brasil uma quase exclusividade dos cientistas da religião e dos teólogos; em se tratando dos cristianismos orientais da Antiguidade Tardia e do Medievo, por outra parte, mesmo entre esses profissionais ele é praticamente inexistente. Assim sendo, a resenha é uma tentativa de chamar a atenção para a importância dos trabalhos constantes nessa coletânea, publicada em 2017, tanto como fonte de material comparativo, quanto como indicação de todo um imenso campo de estudo que praticamente ainda não foi frequentado pelos historiadores brasileiros.

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Título: Oração e experiência cristã no Mediterrâneo Oriental da Antiguidade Tardia e do Medievo

Volume resenhado: Bitton-Ashkelony, Brouria & Krueger, Derek (orgs.). Prayer and worship in eastern christianities (5th to 11th centuries). Londres/Nova Iorque: Routledge, 2017. 330 p.

Formato: online (disponível em https://tinyurl.com/ybhhvqej)

Investimento: acesso aberto

domingo, 1 de outubro de 2017

Artigo publicado na Revista Espacialidades: O fechamento do horizonte índico da Igreja Ortodoxa Copta: o caso do "sacerdote do povo das Índias" na corte do Papa Simão de Alexandria (689-701)


Foi publicado um artigo de minha autoridade na edição de 2017 da Espacialidades, revista eletrônica dos discentes do Mestrado em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH/UFRN). O periódico é publicado anualmente, e vincula-se à área de concentração em História e Espaços do referido programa de pós-graduação. Sua proposta é dialogar com as diversas áreas do conhecimento em que o espaço é utilizado como categoria de análise e compreensão das ações humanos, de modo a contribuir para uma reavaliação (e descarte) das prerrogativas teóricas (ainda comuns) que consideram o espaço não o objeto de uma produção sociocultural, mas apenas uma espécie de cenário onde a história humana se desenrola. Meu paper abre o dossiê do atual volume, cujo tema é A rejeição do outro: espaços de não reconhecimento nas relações de alteridade (disponível na íntegra para download em https://tinyurl.com/y8wszbzs). Partindo do episódio da chegada ao Egito politicamente dominado pelo Islã de um sacerdote do povo das Índias, personagem que se dirigiu ao então chefe da Igreja Ortodoxa Copta para lhe solicitar a ordenação de um bispo para sua comunidade de origem, discuti as tensas relações entre muçulmanos e cristãos no mundo oriental dos séculos VII e VIII (e um pouco além) e a produção e deslocamento do conceito espacial, historicamente produzido, de Índia/s. Trata-se tal texto de um produto de minha pesquisa de doutorado, um apêndice do projeto de pesquisa Os dois primeiros séculos de interações cristão-muçulmanas na História do Patriarcado Copta de Alexandria de Severo de Hermópolis, no qual venho trabalhando, na condição de aluno do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Rio de Janeiro (PPGH/UERJ), desde o início desde 2015.

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Título: O fechamento do horizonte índico da Igreja Ortodoxa Copta: o caso do sacerdote do povo das Índias na corte do Papa Simão de Alexandria (689-701)

Resumo: No tempo do governo eclesiástico do Papa Simão de Alexandria (689-701), um sacerdote do povo das Índias apresentou-se em sua corte pedindo que lhe ordenasse um bispo para sua comunidade de origem. O fato de o patriarca estar submetido ao governo muçulmano, mas não seu visitante estrangeiro, contudo, impediu que o caso tivesse uma solução simples. O objetivo deste trabalho é, partindo deste episódio, tecer algumas considerações a respeito de como se deu o fechamento do horizonte índico das missões e relações eclesiásticas da Igreja Ortodoxa Copta, ainda antes do primeiro século de domínio árabe muçulmano no Egito.

Formato: online (disponível em https://tinyurl.com/y88xu62p)

Investimento: acesso aberto

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Artigo publicado na Revista Transversos: Condições políticas da era de ouro da Dhimmah na história do Egito islâmico (séculos IX e X AD)


Foi publicado um artigo de minha autoria na edição do terceiro quadrimestre de 2017 da Transversos, publicação do Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades Sociais (LEDDES), vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGH/UERJ). A Transversos é publicada online desde o primeiro semestre de 2014, e apresenta agora um interessante dossiê com o tema África e suas diásporas. Meu paper, publicado no âmbito das reflexões que compõem o dito dossiê, trata das condições políticas que, antecedendo a tomada do Egito pelos fatímidas (969 AD/347 AH), fizeram com que o governo desta dinastia fosse, com a exceção de pequenos e conturbados períodos, uma época de ouro para cristãos e judeus desde a conquista islâmica do Vale do Nilo até a emergência da contemporaneidade. Ele acabou saindo com alguns problemas meio incômodos de diagramação (mapas fora do lugar e parágrafos demais), que tornam a experiência de leitura meio penosa para alguém com TOC feito eu... Mesmo assim, espero que seja uma contribuição interessante a um campo de estudos infelizmente tão pouco frequentado entre a gente como é o da história do Oriente Médio e da África medievais. Trata-se tal texto de um produto de minha pesquisa de doutorado, um apêndice do projeto de pesquisa Os dois primeiros séculos de interações cristão-muçulmanas na História do Patriarcado Copta de Alexandria de Severo de Hermópolis, no qual venho trabalhando, na condição de aluno do mesmo PPGH/UERJ, desde o início desde 2015.

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Título: Condições políticas da era de ouro da Dhimmah na história do Egito islâmico (séculos IX e X AD)

Resumo: É um relativo consenso entre os especialistas que o período de governo fatímida do Egito (969-1171), foi, com a exceção de curtos intervalos, provavelmente o mais tranquilo e próspero para os judeus e cristãos desde a conquista islâmica do Vale do Nilo até a Contemporaneidade. Esta era de ouro para a Dhimmah, entretanto, não se deveu a alguma excepcional tolerância desta dinastia xiita, mas pode ser considerada como um dos resultados fortuitos da complexa conjuntura política do Egito e do Levante no interior do ecúmeno islâmico dos séculos IX e X AD. O objetivo deste paper é reconstituir algumas das tramas que compuseram esta conjuntura, usando, neste horizonte, a trajetória dos cristãos coptas como uma espécie de estudo de caso.

Formato: online (disponível em https://tinyurl.com/ybu5ojxm)

Investimento: acesso aberto

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Resenha publicada na Revista Brasileira de História das Religiões: Outra África, outra Cristandade, outro Israel. Resenha de: Tefera, Amsalu. The Ethiopian Homily on the Ark of the Covenant... (2015)


Foi publicada uma resenha de minha autoria na edição de setembro a dezembro de 2017 (v. 29, n. 10) da Revista Brasileira de História das Religiões (RBHR), periódico quadrimestral da Universidade Estadual de Maringá (UEM), vinculado ao Grupo de Trabalho em História das Religiões e Religiosidades da Associação Nacional de Professores e Universitários de História (GT-HRR/ANPUH). Partindo da exposição de algumas ideias sobre como se encontra disposto o campo de estudos de história da África e das religiões africanas no Brasil, e de em qual direção seria interessante ultrapassá-lo, faço uma breve apresentação do livro The Ethiopian Homily on the Ark of the Covenant, edição crítica e tradução ao inglês da homilia Dǝrsanä Ṣǝyon, publicado em 2015 por Amsalu Tefera.

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Título: Outra África, outra Cristandade, outro Israel

Volume resenhado: Tefera, Amsalu (organização, tradução, introdução e notas). The  Ethiopian Homily on the Ark of the Covenant: Critical Edition and Annotated Translation of Dǝrsanä Ṣǝyon. Leiden: Brill, 2015. Coleção Texts and Studies in Eastern Christianity, n. 5. 304 p

Formato: online (disponível em https://tinyurl.com/ya5bjsxq)

Investimento: acesso aberto

sábado, 19 de agosto de 2017

Artigo publicado na Revista Abusões: Algumas imagens do catolicismo nos contos de H. P. Lovecraft


Foi publicado um artigo de minha autoria na edição do primeiro semestre de 2017 da Abusões, revista acadêmica que tem por finalidade a divulgação de artigos, resenhas, entrevistas e fontes documentais relevantes para os estudos do gótico, do fantástico e do insólito ficcional. Nesse número houve um dossiê temático em homenagem a H. P. Lovecraft nos 80 anos de sua morte, e foi nesse âmbito que tive a alegria de poder contribuir. O periódico é fruto da parceria entre dois Grupos de Pesquisa certificados pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) junto ao Diretório de Grupos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Nós do Insólito: vertentes da ficção, da teoria e da crítica e o Estudos do Gótico. Meu paper é um desenvolvimento de comunicação que apresentei em 2015 no Simpósio Temático Estudos do gótico: as faces do gótico no mundo, realizado no âmbito do 6º Encontro Nacional sobre o insólito como questão na narrativa ficcional, trabalho cujo título foi Ambiguidades do catolicismo no gótico americano: Ar frio (1926) e O assombro nas trevas (1925), de H. P. Lovecraft (cf. https://tinyurl.com/yak7t6x7).

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Título: Algumas imagens do catolicismo nos contos de H. P. Lovecraft

Resumo: Partindo da leitura de três contos de H. P. Lovecraft – Ar frio (1926/1928), Sonhos na Casa da Bruxa (1932/1933) e O assombro nas trevas (1935/1936) – procurou-se tecer algumas considerações a respeito da representação do catolicismo na obra ficcional deste autor. Concluiu-se que a marca desta é, antes do mais, uma interessante ambiguidade.

Formato: online (disponível em https://tinyurl.com/ycm9lh3r)

Investimento: acesso aberto

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Artigo publicado na Revista Círculo de Giz: Aryara contra os Filhos da Noite: fantasia e ciência em um conto de Robert E. Howard


O ano de 2015, o meu primeiro como doutorando, foi também um dos mais estranhos de minha vida pessoal, ainda que não tão apocalíptico quanto 2007, 2012 ou 2016. Mesmo assim, durante o correr dele, fiz algumas coisas interessantes. Uma delas foi a tentativa de, com um par de então bons amigos, dar início a uma revista independente e multidisciplinar de artes e humanidades, a Círculo de Giz. Questões de (falta de) saúde física e (principalmente) mental e divergências sérias no âmbito do conselho editorial do periódico, tanto ideológicas quanto mais estritamente referentes ao que pretendíamos fazer com uma iniciativa dessas, e como deveríamos conduzi-la, levaram a que, pouco depois da publicação do primeiro número da revista, eu me afastasse de modo decisivo dela e dos projetos então a ela associados. Nesse primeiro número da Círculo de Giz, na qual tivemos a alegria de contar com bons textos, contudo, pude publicar um artigo de minha autoria sobre um conto de Robert E. Howard do qual gosto em particular. Não se trata de um trabalho sistemático, mas de um ensaio, que inicialmente havia sido submetido (e rejeitado) a um evento de história das ciências no meado do ano anterior, 2014. Lendo-o quase três anos após sua redação e dois anos depois de que veio à público em uma restrita versão impressa, continuo achando-o divertido, de modo que gostaria de dividi-lo com eventuais leitores interessados. A qualidade da cópia escaneada não ficou muito boa, mas espero que esteja minimamente legível.

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Título: Aryara contra os Filhos da Noite: fantasia e ciência em um conto de Robert E. Howard

Resumo: O objetivo do presente trabalho é apontar como na narrativa de Os Filhos da Noite, de Robert E. Howard, publicada originalmente em 1931 pela revista Weird Tales e marcada pela regressão e/ou alucinação, imbricam-se temas da literatura fantástica e da discussão antropológica do começo do século XX.

Formato: impresso e online (disponível em https://tinyurl.com/yb6kaylq)

Investimento: acesso aberto

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Artigo publicado na Revista Transversos: Ritos de humilhação: al-Qasim ibn Ubaydallâh e os cristãos coptas (734-741)


Foi publicado um artigo de minha autoria na edição do segundo quadrimestre de 2017 da Transversos, publicação do Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades Sociais (LEDDES), vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGH/UERJ). A Transversos é publicada online desde o primeiro semestre de 2014, e apresenta agora um interessante dossiê com o mote Vulnerabilidades: pluralidade e cidadania cultural. Meu paper, publicado na seção de textos de tema livre, trata da história e da memória dos cristãos coptas a respeito do governo do emir al-Qasim ibn Ubaydallâh (734-741 AD/101-119 AH), e é um produto de minha pesquisa de doutorado, um apêndice do projeto de pesquisa Os dois primeiros séculos de interações cristão-muçulmanas na História do Patriarcado Copta de Alexandria de Severo de Hermópolis, no qual venho trabalhando, na condição de aluno do mesmo PPGH/UERJ, desde o início desde 2015.

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Título: Ritos de humilhação: al-Qasim ibn Ubaydallâh e os cristãos coptas (734-741)

Resumo: De 734 a 741 AD, al-Qasim ibn Ubaydallâh governou o Egito, então uma parte do califado omíada. Durante este período, manteve uma política ao mesmo tempo de proximidade e de agressividade para com os cristãos coptas, caracterizada pela execução daquilo que bem poderiam ser chamados de ritos de humilhação destes. Esse governo e esse relacionamento foram registrados principalmente na História do Patriarcado Copta de Alexandria, crônica oficial desta comunidade religiosa, o que possui importantes consequências cognitivas. Este artigo objetiva retomar a narrativa desta interação de forma analítica, chamando atenção para alguns dos contextos sociopolíticos e religiosos e dos clichês literários e teológicos que nela se fazem presentes.

Formato: online (disponível em https://tinyurl.com/n8ppbu5)

Investimento: acesso aberto

terça-feira, 21 de março de 2017

Comunicação no 5º Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos Ciro Flamarion Cardoso: Como um grão de mostarda: significados e antecedentes históricos do milagre da montanha de Muqattam (975)


O Grupo de Estudos Kemet (GEKemet) é responsável pela coordenação dos estudos acadêmicos sobre o Egito Antigo na Universidade Federal Fluminense (UFF) desde 2014, tendo iniciado sua trajetória na Universidade Federal do Rio de Janeiro no ano anterior, com apoio do Laboratório de História Antiga (LHIA/UFRJ). Sua inserção na UFF deu-se com o intuito de suprir o espaço deixado pelo excelentíssimo Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso (1942-2013), algo possibilitado pela sua filiação ao Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade da mesma universidade (CEIA/UFF). Nos dias 28, 29 e 30 de março corrente (terça, quarta e quinta-feira da próxima semana) o GEKemet realizará o V Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos Ciro Flamarion Cardoso, excelente oportunidade para a divulgação das pesquisas em curso na área, assim como para o estabelecimento de novos contatos acadêmicos. A programação completa e os resumos dos trabalhos a serem apresentados no V ENEE encontram-se disponíveis em https://tinyurl.com/lmdr3g9.

No âmbito deste evento, participarei como comunicador da mesa-redonda que irá se realizar no dia 29/03, quarta-feira, das 16h30 às 18h30, no auditório do bloco O do Campus do Gragoatá da UFF. Minha fala será sobre o milagre da montanha de Muqattam, um importe lugar de memória dos cristãos coptas nos primeiros anos do governo fatímida no Egito (969-1171). Sou imensamente grato ao GEKemet que, por intermédio da historiadora Beatriz Moreira da Costa, convidou-me a integrar a mesa, abrindo a perspectiva de inserir no campo dos estudos egiptológicos brasileiros, que se encontra em plena renovação e florescimento, também a discussão sobre o Egito cristão e muçulmano. Eventuais colegas que possam aparecer por lá, serão muito bem vindos. A inscrição do evento custa apenas um valor simbólico e pode ser feita na própria ocasião da participação.

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Título: Como um grão de mostarda: significados e antecedentes históricos do milagre da montanha de Muqattam (975)

Resumo: Abraão Ibn Za’rah, um rico mercador sírio, foi eleito chefe da Igreja Ortodoxa Copta em 975 e esteve à sua frente por três anos, até ser assassinado por um fiel inconformado com suas tentativas de empreender a reforma moral de seu rebanho. Durante o seu curto período de governo, manteve uma relação muito próxima e ambígua com Al-Muizz li-Din Allah, quarto califa fatímida e conquistador do Egito. Tal relação foi objeto de várias narrativas mais ou menos fantasiosas que mais tarde vieram a integrar o folclore cristão egípcio; a mais famosa delas envolve o desafio e ameaça feitas por Al-Muizz, sob instigação de seu vizir, Abu Ya’qub ibn Killis, um judeu islamizado, de que realizasse um grande milagre diante de sua presença como comprovação da sinceridade de sua fé, sob o risco de que, se isto não fosse feito, todos os coptas seriam exterminados. A tradição copta registra que o milagre foi realizado, de modo que o Patriarca conquistou para si e para os seus a simpatia do Califa, revertida na reconstrução de certo número de igrejas então em ruínas. O objetivo desta fala é, recontando este episódio, fazer um apanhado tanto do sentido de seu registro, quanto das complexas relações de força que, estruturando a sua gênese, dão notícia do estado das interações entre cristãos e muçulmanos no Egito ao fim do primeiro milênio depois de Cristo.

Formato: comunicação em mesa de debates

Quando: 29/03 (quarta-feira), das 16h30 às 18h30

Onde: Auditório do 2º andar do Bloco O, Campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ ← O local saiu com um erro na programação do evento. Esta é a informação correta.

Investimento: R$ 15 (a inscrição como ouvinte deve ser feita durante o próprio evento)




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domingo, 19 de fevereiro de 2017

Monografia orientada: Roberta Valle do Amaral, "A revolta do Trisagion no contexto dos conflitos dogmáticos cristológicos antes e depois de Calcedônia" (2016)


Na sequência do compartilhamento das monografias que tive a honra e a alegria de orientar no âmbito de meu trabalho como professor convidado do curso de Pós-graduação lato sensu em História Antiga e Medieval: religião e cultura da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro (FSB-RJ), disponibilizo hoje a rica monografia de Roberta Valle do Amaral sobre a chamada Revolta do Triságio, que sacudiu a grande metrópole de Constantinopla em 512, quase derrubando o monarca então governante no Império Romano do Oriente. O trabalho da Prof.ª Amaral é de uma sensibilidade e uma honestidade intelectual ímpar; sua organização, clareza, embasamento documental e tratamento maduro do tema sem dúvida revelam os dotes de uma historiadora deveras talentosa. Trata-se decerto de uma contribuição valiosa para os estudos do cristianismo na Antiguidade Tardia e/ou da história do oriente cristão, infelizmente ainda pobres cá entre nós. É um testemunho de que, com boa vontade, criatividade e determinação, pode-se estudar estes temas escapando-se dos clichês que vincam certos meios acadêmicos brasileiros quando o assunto é a trajetória histórica do movimento cristão. Daí que a leitura do trabalho, que é bastante agradável, parece-me imprescindível.

PS. Como contexto sonoro, o canto do Triságio (em sua versão calcedônica) em inglês, árabe, grego e eslavônico (com legendas): http://tinyurl.com/zoj7gle

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Autora: Roberta Valle do Amaral

Título: A revolta do Trisagion no contexto dos conflitos dogmáticos cristológicos antes e depois de Calcedônia

Tipo de trabalho: monografia de especialização em História Antiga e Medieval: religião e cultura

Ano de apresentação: 2016

Resumo: O eixo deste trabalho é a revolta ocorrida em 512 na cidade Constantinopla, motivada pelo acréscimo de uma frase, pelo imperador Anastácio, ao hino litúrgico chamado Trisagion. Através do estudo deste episódio, são analisados diversos aspectos da sociedade cristã na Antiguidade Tardia, como os debates doutrinais existentes nesse período, a ocorrência da violência nessas disputas e a profunda imbricação entre poderes político e religioso. Procurou-se refletir, de modo particular, sobre o fato de que a história dos concílios envolve não só o curto período em que seus participantes estiveram reunidos em assembleia, mas também o longo processo desde sua preparação até a aplicação de suas determinações e a recepção das mesmas. Nela estão envolvidas diferentes correntes teológicas, forças políticas e circunstâncias as mais variadas, que fazem que o percurso de acomodação da doutrina se estenda para alguns anos além de sua definição.

Palavras-chave: Guerras religiosas; Antiguidade Tardia; Cristianismo; Concílios

Tamanho: 39 p.

Endereço para acesso: http://tinyurl.com/jlqqpmc

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Monografia orientada: Rodrigo Carriee Pinto, "A mulher bizantina e o sagrado: modelos de santidade feminina na Vida do Abba Daniel do Mosteiro de Sceté" (2016)


Compartilho hoje mais uma das monografias que tive a honra de orientar no âmbito de meu trabalho como professor convidado do curso o curso de Pós-graduação lato sensu em História Antiga e Medieval: religião e cultura da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro (FSB-RJ): a investigação de Rodrigo Carriee Pinto sobre os modelos de santidade feminina no oriente cristão a partir da leitura da Vida do Abba Daniel do Mosteiro de Sceté. Essa pesquisa teve em seu correr uma série de nós muito interessantes, que me fizeram pensar a sério não apenas sobre com os historiadores reconstroem o passado a partir de seus documentos, mas porquê se põem a fazê-lo. O Prof. Pinto é um pesquisador perspicaz, que não cede a respostas fáceis; o tom equilibrado que marca a sua monografia é, imagino, uma importante referência para este nosso tempo em que muitos são os cientistas sociais que sentem a tentação de se tornarem panfletários. Não sei se isso irá acontecer, mas realmente gostaria que a pesquisa fosse ampliada, postas as suas conclusões em perspectiva comparada com aquelas advindas das leituras de outros documentos de contexto cultural análogo - coisa que muito enriqueceria o, infelizmente ainda tão pobre cá entre nós, campo dos estudos da história do oriente cristão.

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Autor: Rodrigo Carriee Pinto

Título: A mulher bizantina e o sagrado: modelos de santidade feminina na Vida do Abba Daniel do Mosteiro de Sceté

Tipo de trabalho: monografia de especialização em História Antiga e Medieval: religião e cultura

Ano de apresentação: 2016

Resumo: A quase totalidade dos bizantinos que nos legaram documentos escritos a respeito de sua época foram indivíduos do sexo masculino, os quais tendiam, naturalmente, a tratar de assuntos então relativos a um domínio que lhes parecia legitimamente exclusivo. Em tais documentos, apenas eventualmente há menção de mulheres – com a exceção, notável, daquelas pertencentes à família imperial. No caso das vidas dos santos do sexo masculino, as mulheres são apresentadas frequentemente apenas de forma secundária e, em relação aos escassos exemplos de hagiografias bizantinas dedicadas especificamente às mulheres santas, dada a sua raridade, são considerados preciosas fontes de informação. Nesse sentido, o fator fundamental de estranhamento no desenvolvimento deste trabalho encontra-se, precisamente, no peculiar destaque dado a personagens femininos nos episódios narrados na versão etíope da hagiografia copta Vida do Abba Daniel do Mosteiro de Sceté. A partir desta constatação, optamos por desenvolver uma pequisa que pudesse compreender de que forma essa destacada presença feminina se articularia com as ideias em torno de santidade, típicas do gênero hagiográfico. Devido, entre outras características, à função modelar deste tipo de obra, acreditamos que tal recorrência seja não apenas intencional, mas corresponderia, de fato, a uma real necessidade de normatização. Assim, o objetivo principal deste trabalho é identificar os possíveis modelos de santidade feminina presentes na Vida do Abba Daniel do Mosteiro de Sceté.

Palavras-chave: Vida do Abba Daniel do Mosteiro de Sceté; Hagiografia; Mulher; Santidade; Império Bizantino

Tamanho: 70p

Endereço para acesso: http://tinyurl.com/gmrlp7y

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Comunicação publicada nos Anais do 2º Simpósio Sudeste da ABHR: Duas conjuras: religião e política em um episódio da vida do Patriarca Agatão de Alexandria (c.670)


Descobri ainda há pouco que estão devidamente publicados os Anais do 2º Simpósio Sudeste da Associação Brasileira de História das Religiões: gênero e religião - violência, fundamentalismos e política. Aí consta um texto de minha autoria, versão expandida da comunicação que apresentei neste evento, realizado em novembro de 2015 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no âmbito do GT O Oriente e suas diversidades religiosas. Esse escrito também é um subproduto de minha pesquisa de doutorado, e versa sobre um episódio complexo e violento envolvendo coptas, melquitas e muçulmanos ainda nas primeiras décadas de domínio árabe do Egito.

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Título: Duas conjuras: religião e política em um episódio da vida do Patriarca Agatão de Alexandria (c.670)

Resumo: Na longa tradição de comentários ocidentais sobre o Vale do Nilo, não foram poucos os autores que sublinharam que a história egípcia, especialmente no que refere às técnicas da sobrevivência e às práticas religiosas, parece compor-se por mais continuidades do que rupturas. Estas, entretanto, estão longe de serem inexistentes, principalmente no âmbito da história política. O Egito do último quarto do século VII, por exemplo, era fundamentalmente diverso daquele de cem anos antes quanto a esse aspecto particular. Uma nova variável político-religiosa surgida no cenário por volta do meado desse intervalo – o Islã – havia feito deslizar de maneira sutil, mas significativa a proximidade entre o espaço de experiência e o horizonte de expectativa dos agentes sociais então sediados no Vale do Nilo. A complexa dialética de continuidade e ruptura implicada nesse processo, somada aos atravessamentos que aí se verificam entre história política e religiosa, parecem-me os mais interessantes. Para tratar dele, partirei de um episódio particularmente complexo, descrito em um parágrafo da vita do Patriarca Agatão de Alexandria, cujo pontificado deu-se de 661 a 677.

Formato: online (disponível http://tinyurl.com/juyfcaw)

Investimento: acesso aberto